“Nenhum homem é uma ilha isolada” disse o poeta inglês metafísico John Donne (1572-1631); sua citação enfatiza a necessidade humana da convivência com os seus semelhantes, independente da proximidade e afetividade entre eles. Certamente o poeta veria com bons olhos o nosso carnaval pela grandiosidade de um evento que promove um grande e variado encontro entre as comunidades nacionais e internacionais e se emocionaria com tantas performances na avenida, cada uma delas representando uma história através de suas máscaras, fantasias, cantos e danças capazes de revelar ou enaltecer segredos e peculiaridades da história humana.
Espetáculos para serem apreciados por todos; trabalhos resultantes de várias pesquisas sobre as expectativas sociais seguidas de minuciosos planejamentos, intensa criatividade, inesgotável energia de realização de sonhos em arte apresentada na avenida para brindar expectadores in loco e online; e ser contemplado com os estandartes do reconhecimento público, especializado ou não.
Mecanismos que movem milhares de pessoas e milhões de reais por quatro eternos dias de magia e alegria; mecanismos que reproduzem um carnaval fora de época que vivemos na medida em que conhecemos e nos damos conta da existência e da importância que as outras pessoas tem em nossa vida.
Descobrimos que nosso modo de ser afeta a outra pessoa, assim como somos afetados por elas; hora como parceiros e hora como não parceiros na realização de nossos objetivos, sonhos ou metas. Quanto mais importantes são nossas metas mais valorizamos a participação das pessoas em nossas vida.
Entramos em contato com o modo de ser delas e percebemos o que aceitam e acolhem e o que rejeitam e abominam. E descobrimos que assim como determinamos nossas atitudes elas também determinam as delas. Ou seja, posso querer participar da vida delas, mas preciso de sua autorização, e vice-versa.
Inicia-se então uma série de questionamentos sobre como eu sou e o que elas aceitariam receber de mim; como elas são e o que gostariam de oferecer a mim? São questões que no contexto social nem sempre são abertamente questionadas e nem claramente respondidas;.
O entusiasmo e a esperança aproximam o seres humanos, mas o seu medo e sua ansiedade os afastam de se conhecerem como realmente são, levando-os a gerar inferências e respostas antecipadas sem consistência lógica, ou seja, recheadas de distorções cognitiva. Estas distorções ou erros cognitivos podem construir a ideia de que tenho um EU Frágil devido a uma personalidade insegura que precisa ser constantemente protegida; dando início a necessidade de construir e utilizar as Máscaras Sociais.
Acreditamos geralmente que as nossas necessidades precisam ser correspondidas e isto as vezes está certo; por exemplo se não me alimento em alguns momentos do dia comendo certa quantidade de alimentos saudáveis posso adoecer, mas não é verdade, simplesmente, que preciso comer e pronto. Assim como também é questionável que para eu ser aceito por outras pessoas eu deva agradá-las o tempo todo e abrir mão das minhas metas de merecer se reconhecido, valorizado e incluso socialmente.
As Máscaras, ou Persona como denominou o médico e psicólogo Carl G. Jung, é o modo como nos comportamos em contato com o mundo exterior; são necessárias à para a nossa adaptação frente às exigências do meio social que vivemos. É a maneira que cada sujeito se mostra ao mundo, é o caráter que assumimos e através dela nos relacionamos com os outros.
A Persona, ou Máscara social, inclui os papéis sociais, as roupas e o estilo de expressão pessoal. Possui dois aspectos, um positivo e outro negativo. O positivo está associado à possibilidade de adaptação do sujeito ao seu meio social.
O aspecto negativo surge quando o Eu se identifica com a Máscara, fazendo com que a pessoa se distancie e desconheça sua real personalidade, onde a pessoa ultrapassa seus limites e torna-se invasivo e inadequado socialmente. Ou seja, querendo atender e aproximar-se ao Social, distancia-se cada vez mais.
Não é incomum ouvirmos esposas apavoradas com a proximidade da aposentadoria de seu cônjuge ( que sempre exerceu profissionalmente uma função de chefe , com autonomia muitas vezes exageradas ) temendo que ele não se de conta que o contexto agora é familiar, com dinâmica e metas diferentes do contexto profissional.
Outro exemplo, pessoas que desenvolvem com sucesso funções profissionais num determinado contexto e ficam rotuladas mesmo em outros contextos; Pelé sempre será o rei do futebol, RC é o rei da música, Xuxa a rainha dos baixinhos e assim por diante. Isto é positivo, e inegável, em seus contextos, mas pode tornar-se um rótulo, uma Máscara Social inadequada quando o sujeito ou a sociedade não reconhece que ninguém pode ou consegue saudavelmente usar uma Máscara desempenhando o mesmo papel o tempo todo.
O ansioso, o depressivo, não é assim o tempo todo; o palhaço também chora; o empresário também precisa de sossego; o general também precisa da colaboração subalterna ou de seus pares. As crianças não são só simpáticas ou opositivas, enfim é preciso saber diferenciar quando uma máscara é saudavelmente necessária.
Algumas auto questões que vão ajudar você:
Qual é a minha meta nesta situação social?
A meta é viável e útil para o meu bem estar?
Sou o determinador desta meta? o que posso fazer para alcançá-la?
Sou apenas um colaborador desta meta? Quem ou o quê pode colaborar para que eu alcance minha meta?
O que pode acontecer de melhor na minha vida se esta meta for alcançada?
O que pode acontecer de pior na minha vida se esta meta não for alcançada?
Qual estratégia usarei para desempenhar meu papel nesta meta social?
Poderei agir com autenticidade ou estarei pressionado à utilizar uma das diversas máscaras sociais que conheço?
Vantagens e desvantagens de utilizar esta Máscara Social nesta situação?
Conclusão e ação.
A Máscara Social é uma necessidade tanto para proteger nossa intimidade contra a intrusão do mundo exterior como para nos adaptarmos a ele. Você conhece a sua?
CONHEÇA ALGUMAS MÁSCARAS SOCIAIS QUE MAIS ATRAPALHAM DO QUE AJUDAM NA CONQUISTA DE SUAS METAS.
1-MÁSCARA DO ANSIOSO:- “SE EU FOR EU MESMO SEREI REJEITADO E SOFREREI, MELHOR DESCOBRIR E TORNAR-ME OU PARECER O EU ESPERADO E ACEITO PELAS PESSOAS”.
2-MÁSCARA DO SABE TUDO:- “PESSOAS FORTES E COMPETENTES SÃO PERFEITAS PARA AS GRANDES EMPRESAS. DEVO SER OU PARECER PERFEITO.”
3-MÁSCARA DA POLIANA:- “PESSOAS ENGRAÇADAS E BEM HUMORADAS SÃO APRECIADAS E CONVIDADAS EM TODAS AS REUNIÕES SOCIAIS. DEVO SER OU PARECER ENGRAÇADO E ESTAR SEMPRE DE BOM ASTRAL.”
4-MÁSCARA DO PLAYBOY:- “PESSOAS RICAS E PODEROSAS SÃO ADMIRADAS E RESPEITADAS. DEVO TORNAR-ME OU PARECER RICO E PODEROSO.”
5-MÁSCARA DO ESQUISITO-OPOSITIVO:- “PESSOAS DIFERENTES RECEBEM A ATENÇÃO DAS PESSOAS. DEVO SER OU PARECER EXCÊNTRICO.”
6-MÁSCARA DO DON JUAN:- “PESSOAS DESINIBIDAS E ATIRADAS SÃO ADMIRADAS E DESEJADAS. DEVO SEMPRE TOMAR A INICIATIVA DIANTE DE QUEM CONHEÇO OU NUNCA TINHA VISTO.”
7-MÁSCARA DO COITADINHO:- “SE EU AGUARDAR A INICIATIVA DO OUTRO PERCEBERÃO QUE PRECISO DE INCENTIVO OU AJUDA. DEVO SER OU PARECER SUBMISSO.”
8-MÁSCARA DO CORONEL:- “PESSOAS GOSTAM DE SEREM DIRIGIDAS E COMANDADAS. DEVO SER OU PARECER AUTORITÁRIO.
9-MÁSCARA DO LOBO CORDEIRO:- “PESSOAS SÃO MISTERIOSAS E SORRATEIRAS. DEVO ESTUDÁ-LAS E ESTAR PRONTO PARA O REVIDE ANTES QUE ME MACHUQUEM.
10- MASCARA DO CAMALEÃO:- PESSOAS SÄO DIFERENTES E MERECEM SER CORRESPONDIDAS O TEMPO INTEIRO. DEVO AGRADAR O TEMPO TODO.
11- MÁSCARA DO HIPER-SINCERO: - ÄS PESSOAS SÃO INSEGURAS E SEM NOÇÃO DEVO AJUDÁ-LAS A SABEREM COMO ESTÃO E QUEM SÃO.”
12- MÁSCARA DO RANZINZA:- SE EU ELOGIAR ME DEIXARÃO DE LADO. DEVO DESCONSIDERAR O QUE HÁ DE POSITIVO AO MEU REDOR.
- Há espaço na competitiva (e comparativa) sociedade atual para pessoas totalmente autênticas, que falam exatamente o que pensam na hora em que bem entendem? Em que medida e contexto as “máscaras” sociais são necessárias e bem-vindas?
-Sim, há espaço para as pessoas que falam o que bem entendem, quando este entendimento é assertivo e não agressivo. Simplesmente dizer “eu sou eu e falo o que eu quiser, custe a quem custar” é uma forma que revela uma personalidade impulsiva e rígida, típica de pessoas que se preocupam apenas com o que acontece no momento sem considerar possíveis consequências posteriores; isto pode ser constrangedor e as vezes provocar prejuízos irreparáveis.
Como afirma o psicanalista Evaristo Magalhães Sinceridade descontrolada é mais impulsividade que compromisso com a verdade. É tagarelice, destempero, arrogância e pouca inteligência. Inteligência e lucidez: esse é o caminho.
Sempre vale a pena lembrar Sócrates, o filósofo que afirmou em seu texto As três peneiras: “ se o que você quer contar é verdade, é coisa boa e necessária tanto eu, você e seu irmão nos beneficiaremos. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e levar discórdia entre irmãos, colegas do planeta. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.
LEMBRE-SE: - NESTE CARNAVAL VISTA-SE DE VOCÊ MESMO POR CIMA DA FANTASIA E BOM CARNAVAL.
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